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CLIPPING::: Diário de Pernambuco, 20/05/2016

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Festival Continuum reúne trabalhos artísticos que questionam os limites da privacidade

Exposição, vídeos, games, música e debates estão na programação que vai até o dia 29 no Bairro do Recife

Por Isabelle Barros

O que queremos esconder e o que queremos mostrar das nossas próprias vidas? Com um mundo cada vez mais conectado tecnologicamente, qual o controle que temos sobre nossas narrativas pessoais? Com a ascensão da internet e das redes sociais, essas são perguntas com as quais cada vez mais pessoas se deparam. A privacidade no mundo contemporâneo se tornou o tema do 6º Festival Continuum, que começou nesta sexta em vários pontos do Bairro do Recife. A programação vai até o próximo dia 29 e é composta por exposição, seminários, mostras de games, de vídeos e de sonoridades, além de oficinas cujas inscrições já estão esgotadas. Todas as atividades têm entrada gratuita.

Para o curador geral do festival, Antonio Gutierrez, o Gutie, a escolha do tema se deu a partir de dois polos: a busca cada vez maior de informações dos cidadãos por parte de governos e empresas e a vida em rede que faz cada vez mais pessoas abrirem mão da própria privacidade. “Como podemos proteger nossas informações e, ao mesmo tempo, como mostrar a intimidade de forma consentida?”, questiona. Além dele, o evento teve a cocuradoria de Mabuse, pesquisador do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), do jornalista e cineasta Júlio Cavani (repórter do Viver), da curadora Clarissa Diniz, da socióloga Ana Paula Portella e de Ricardo Ruiz, da empresa de desenvolvimento de sofware 3Ecologias.

Um dos destaques da exposição promovida pelo evento, em cartaz na Torre Malakoff, é a videoinstalação Não é sobre sapatos, do pernambucano Gabriel Mascaro (diretor de Boi Neon). O trabalho foi selecionado para a 31ª Bienal de São Paulo, em 2014, e será exibido no Recife pela primeira vez. O artista propõe novos significados a imagens feitas pela polícia durante as manifestações de 2013 em diversas cidades brasileiras. As filmagens focam os sapatos, justamente as peças de roupa que poderiam identificar os manifestantes, já que eles tinham como estratégia trocar de roupa ou esconderem o rosto para não serem reconhecidos. O controle do estado sobre os cidadãos e a relação delicada entre anonimidade e a construção de discursos visuais estão entre os temas tocados pelo vídeo.

A articulação das obras com o próprio público também recebeu outro tratamento na exposição, que terá dez obras, incluindo também Um olho aberto e outro fechado, do Fab Lab Recife, sobre como a conexão em rede afeta nossas vidas. “Neste ano, não tocamos tanto no tema da interação. Não temos uma exposição tão high-tech, mas contamos com muita participação local”, afirma Gutie. A discussão e a troca presencial de conhecimento também são os objetivos dos quatro seminários programados para o 6º Continuum entre os dias 24 e 27 deste mês.

DESTAQUES DA PROGRAMACAO

– VIDEOS
A mostra vai até o próximo dia 29, na Torre Malakoff, e é composta por dez vídeos selecionados a partir de inscrições no site do Festival Continuum, exibidos ininterruptamente (em loop) ao longo de uma hora. Os trabalhos tratam das fronteiras entre intimidade e exibicionismo. Entre eles, Privacidades VHS, de Thiago Miazzo (SP), e Intervenção, de Pedro Maia de Brito (PE).

– GAMES
A capacidade de se camuflar ou de se arriscar a ser descoberto está na essência dos dez jogos selecionados para a edição, disponíveis na Torre Malakoff até o dia 29. Entre eles, está Republique (PS4), Watchdogs (Wii U) e Hacked (Android), primeiro jogo de codificação para dispositivos móveis.

– SONORIDADES
A seção Sonoridades tem quatro artistas pernambucanos: Yuri Bruscky, Grilowsky, Binário (com Mabuse, Igor Holanda e Queops Negronski) e Hrönir (de Thelmo Christova e Júlio Falcão). As apresentações acontecem no Roda Cultural (Rua Madre de Deus, 66, Bairro do Recife), nos dias 27 e 28, a partir das 16h.

– SEMINÁRIOS
Serão quatro seminários, às 19h, no Roda Cultural. O primeiro, no dia 24, é Isolados em rede, com a jornalista Fabiana Moraes e o cineasta Felipe Peres Calheiros. No dia seguinte, a cantora e escritora Karina Buhr e a especialista em gêneros e políticas públicas Wedja Martins discutem o tema Deixa ela em paz, sobre opressão social feminina e estratégias de emancipação das mulheres. Já no dia 26, Leonardo Cisneiros e Cris Lacerda falam sobre o uso da tecnologia como instrumento de controle na mesa Vigilância não tem a ver com segurança, tem a ver com poder. O último seminário, no dia 27, é Ocupemos o futuro, com o jornalista Jacques Barcia e Yellow, sobre os mecanismos de fortalecimento da democracia a partir da transparência e do acesso à informação.

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2016/05/20/internas_viver,645885/festival-continuum-reune-trabalhos-artisticos-que-questionam-os-limite.shtml

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